segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Sombras do amor

Foi aos poucos que me apercebi de como era bela. Há pessoas assim. que se revelam devagar, que não têm qualquer pressa em mostrar como são, em chegar ao nosso ombro, à nossa frente. Pessoas que têm o tempo do seu lado. O exacto contrário de mim que habito a ansiedade de todas as horas. A primeira vez que a vi nada vi a não ser uma cara, um corpo, gestos. Não me apercebi da claridade da sua face, do seu corpo longo, dos gestos lentos e delicados das mãos e dos braços, das suas incisivas palavras. Demorei muito tempo. Tempo a mais. Há um tempo para chegar e outro para partir. Quando eu cheguei, já ela tinha partido. Hoje recordo o seu sorriso como o vento entre as árvores, todos os segredos partilhados, as ternas palavras, e uma visão toma conta de mim. Demasiado tarde para encontrar um começo. Para reconhecer o que foi, é preciso ter sido. As sombras a ocuparem tudo.

Eu queria ver pelos teus olhos. Sentir com o teu coração.
Morrer por ti.

Pedro Paixão "O Mundo É Tudo o que Acontece"

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